Ela não conseguia dormir, pegava a caneta e o papel e escrevia
desesperadamente, procurava passar a limpo em linhas tortas os sentimentos
já esquecidos. Era difícil, não impossível. A estranheza dos parentes ao
observarem o cotidiano peculiar da moça cuja criatividade deveria ser
considerada como o seu maior talento agora não era a mesma.
Olheiras profundas e feição tristonha tornaram-se parte dela, o rosto
envelhecido não lhe fazia justiça, a face havia mudado em tão pouco tempo, e
nada mais se via da moça bela e sorridente que todos elogiavam tanto.
E o pior dos acontecimentos surgiu-lhe num dia chuvoso e cinzento, sua
editora resolveu ligar bem cedo e dizer com palavras rudes que ela não
precisava mais de seus serviços. A pobre e cansada moça não era mais
necessária. Atualmente, ela só era vista como peso morto para aquela mulher
que antes se jogava aos seus pés.
E ela se jogava mesmo. Afinal, Melina tinha entrado na empresa em um
momento complicado. Atarefada, a editora fazia de tudo para que não
tivesse que fazer muito em relação a ela. A rotina de trabalho que corria
normalmente e com até vários momentos de alegria foi ficando cinza, que
nem o dia da Melina. Ela não sabia que aquele acontecimento mudaria
a relação dela com a chefe, com a família, amigos, namorado, enfim,
transformaria tudo.
Um dia, enquanto voltava para a casa, Melina recebeu uma estranha
mensagem de texto, de Alexandra, sua ex-chefe, chamando-a para um
café. Melina estranhou a atitude, uma vez que Alexandra nunca foi uma
pessoa muito sociável, principalmente com seus funcionários. Enfim,
ignorou a estranheza do contato e resolveu aceitar; talvez pudesse ser uma
oportunidade para voltar a trabalhar para editora.
No local do encontro, estava Alexandra sentada. Ela vestia um terno cinza
e exibia um sorriso sarcástico. Melina observou-a; estranhou novamente a
postura da ex-chefe. Sentou-se junto a ela, pediram um café e perguntou a
razão do encontro.
Alexandra a observou por alguns instantes e, após um momento de suspense
calculado, ofereceu de volta a antiga vaga de Melina. A moça mal acreditou
no que estava ouvindo, porque a relação das duas sempre fora difícil. Em
contrapartida, sabia que apesar do convívio complexo, Alexandra certamente
sentia falta da competência de Melina. O sarcasmo no sorriso, interpretado por
Melina, era na verdade constrangimento causado pelo arrependimento. Mas
agora não havia como voltar atrás. Melina estava livre para criar. Chegara o
momento de gerar sua própria história, não seria mais apenas a condutora de
desesperadamente, procurava passar a limpo em linhas tortas os sentimentos
já esquecidos. Era difícil, não impossível. A estranheza dos parentes ao
observarem o cotidiano peculiar da moça cuja criatividade deveria ser
considerada como o seu maior talento agora não era a mesma.
Olheiras profundas e feição tristonha tornaram-se parte dela, o rosto
envelhecido não lhe fazia justiça, a face havia mudado em tão pouco tempo, e
nada mais se via da moça bela e sorridente que todos elogiavam tanto.
E o pior dos acontecimentos surgiu-lhe num dia chuvoso e cinzento, sua
editora resolveu ligar bem cedo e dizer com palavras rudes que ela não
precisava mais de seus serviços. A pobre e cansada moça não era mais
necessária. Atualmente, ela só era vista como peso morto para aquela mulher
que antes se jogava aos seus pés.
E ela se jogava mesmo. Afinal, Melina tinha entrado na empresa em um
momento complicado. Atarefada, a editora fazia de tudo para que não
tivesse que fazer muito em relação a ela. A rotina de trabalho que corria
normalmente e com até vários momentos de alegria foi ficando cinza, que
nem o dia da Melina. Ela não sabia que aquele acontecimento mudaria
a relação dela com a chefe, com a família, amigos, namorado, enfim,
transformaria tudo.
Um dia, enquanto voltava para a casa, Melina recebeu uma estranha
mensagem de texto, de Alexandra, sua ex-chefe, chamando-a para um
café. Melina estranhou a atitude, uma vez que Alexandra nunca foi uma
pessoa muito sociável, principalmente com seus funcionários. Enfim,
ignorou a estranheza do contato e resolveu aceitar; talvez pudesse ser uma
oportunidade para voltar a trabalhar para editora.
No local do encontro, estava Alexandra sentada. Ela vestia um terno cinza
e exibia um sorriso sarcástico. Melina observou-a; estranhou novamente a
postura da ex-chefe. Sentou-se junto a ela, pediram um café e perguntou a
razão do encontro.
Alexandra a observou por alguns instantes e, após um momento de suspense
calculado, ofereceu de volta a antiga vaga de Melina. A moça mal acreditou
no que estava ouvindo, porque a relação das duas sempre fora difícil. Em
contrapartida, sabia que apesar do convívio complexo, Alexandra certamente
sentia falta da competência de Melina. O sarcasmo no sorriso, interpretado por
Melina, era na verdade constrangimento causado pelo arrependimento. Mas
agora não havia como voltar atrás. Melina estava livre para criar. Chegara o
momento de gerar sua própria história, não seria mais apenas a condutora de
fábulas alheias.
O conto de hoje teve a participação da Renata Costa, minha colega de trabalho, revisora e dona do blog Palavralida. Lá você pode ler as opiniões sobre os mais variados livros que ela devora.
Ficou lindo. xD
ResponderExcluirUau! Fazia um tempão que eu não passava por aqui. Adorei o conto, pois trata de um dos meus temas favoritos. O que gera o fazer poético. ;D
ResponderExcluirFicou Bom...Gostei do Conto...
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