terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Re-volta

Uma mulher, não como todas as outras. Marta era singular em sua maneira de viver. Por falar em viver, Marta morava em uma rua onde quase não tinha vizinhos e o único contato que tinha era com seus pensamentos. Porém, já era acostumada a vida solitária que a consumia desde sua infância.

Ela gostava de caminhar durante a noite e, em uma de suas caminhadas, Marta sentiu o frio arrepiando seu corpo e se deu conta de que não tinha quem a aquecesse. Então ela resolveu voltar para casa e procurar uma antiga agenda com telefones e endereços de vários amigos. Mesmo assim, por mais que  houvesse muitos nomes na lista, ainda assim se sentia só. Lembrava rostos, cheiros e histórias, todos num passado tão distante que não a encorajavam a ligar. Houve época em que fora feliz? Tivera amigos? Sentira-se bem?

Embora fosse um hábito de anos, dessa vez ela não quis ligar para Teresa. Não era nem por pensar que Teresa achava muito chato ouvir as lamentações. Afinal, Teresa achava mesmo. As amizades têm dessas pequenas liberdades de expressão. Assim, Marta pegou um vestido no armário, uma sandália e resolveu que o jeito de amenizar o que sentia era indo de encontro à multidão. Depois de vestida e maquiada, ela foi à uma boate perto de casa.

Na boate, ela dançou e se libertou como nunca de suas lamentações e anseios de estar tão longe daqueles que lhe eram importantes. Até encontrou lá um tal de Antero, moço moreno dos braços fortes com quem dançou a noite inteira.

Acabou-se a música, o sol se espreitava entre as nuvens e o movimento na rua voltava lentamente. Antero, o moreno de braços fortes, também foi embora. E, Marta, voltara para casa na companhia de sua solidão. Ao retornar, percebeu que não precisava de ninguém para tornar sua vida mais interessante. 

Finalmente, ao menos por uma noite, Marta percebeu que ela se bastava. Só seus pensamentos, emoções e a vida que pulsava a seu redor. Só o que precisava era, às vezes, sair da rotina, quem sabe alguns momentos de revolta, de encontro. Era o suficiente para que sua vida se tornasse intensa da maneira Marta de ser. Não era uma revolta, mas uma re-volta, para ela.

O conto de hoje saiu no blog da Milena, mais uma integrante da nossa equipe. Ela é estudante de História e tem um blog muito interessante. Clique aqui para dar uma olhada.

5 comentários:

  1. História interessante...Superior a anterior...

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  2. Esse conto é muito bom.

    Acho que as pessoas deveriam agir como Marta e descobrir que muitas vezes o que as pode tirar do tédio e descobrir, por si mesmas, o que pode lhe fazer bem!

    Isso nos dá uma certa "independência" dos amigos... rsrs

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  3. Sou eu.... *-* adorei fazer parte do conto Edu. ^^

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  4. Faço minhas, as palavras da Milena. Adorei, espero colaborar com os próximos. ;)

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  5. Adorei estar no conto, escrever com as meninas e, especialmente, a renovação da Marta. Redescoberta. É o que todos queremos, não? Ser felizes sozinhos e, mesmo assim, ser feliz com o encontro.
    Beijos a tds e até uma próxima;

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